Resenha: Feita de Fumaça e Osso, de Laini Taylor (Trilogia Feita de Fumaça e Osso Livro 1)

Título Original: Daughter of Smoke and Bone
Autor: Laini Taylor
Lançamento: 27 de Setembro de 2011
Número de Páginas: 418
Editora: Little, Brown Books for Young Readers

Título Nacional:  Feita de Fumaça e Osso
Tradutor: Viviane Diniz
Lançamento no Brasil: 13 de Setembro de 2012
Número de Páginas: 384
Editora no Brasil:  Intrínseca

Sinopse: Pelos quatro cantos da Terra, mãos negras aparecem marcadas nas portas das casas, gravadas a fogo por seres alados que surgem de uma fenda no céu.
Em uma loja sombria e empoeirada, o estoque de dentes humanos de um demônio está perigosamente baixo.
E nas tumultuadas ruas de Praga, uma jovem estudante de arte está prestes a se envolver em uma guerra sem precedentes.
O nome dela é Karou. Seus cadernos de desenho são repletos de monstros que podem ou não ser reais; ela desaparece e ressurge do nada, despachada em enigmáticas missões; fala diversas línguas, nem todas humanas, e seu cabelo azul nasce da sua cabeça exatamente dessa cor. Quem ela é de verdade? A pergunta a persegue, e o caminho até a resposta começa quando o olhar abrasador do bonito e sombrio Akiva cai sobre Karou pela primeira vez em um beco em Marrakesh. Mas será que ela irá lamentar aprender a verdade sobre si mesma?
Um romance moderno e arrebatador, em que batalhas épicas e um amor proibido unem-se na esperança de um mundo refeito.

Resenha: Então, a resenha deste primeiro livro não é muito diferente da resenha geral da trilogia, a não ser pelo fato que eu me contenho menos em falar do quanto amei o livro e dou mais detalhes dos personagens. Se você ainda não leu Feita de Fumaça e Osso e quer saber se deve, recomendo que leia a Resenha Geral primeiro.

Para um livro cheio de personagens incrivelmente imaginativos e fantásticos – como uma figura paterna um terço homem, um terço cabra, e um terço leão; uma cuidadora metade naja e metade mulher que fala com serpentes, e um amor épico/inimigo que é um anjo (com asas em chamas e tudo) – este livro soa inexplicavelmente verdadeiro. Mesmo essas criaturas sendo extraordinárias, você entende eles completamente! Lentamente Laini Taylor faz você compreender as suas motivações, as suas falhas, os seus talentos e pontos fortes. E, sem dúvida, ela faz você amá-los. Então, sério, não se prenda no fato de que este não é um livro comum ou que talvez você não costume gostar de Fantasia. Eu juro, nada disso importa!

E a principal razão são os personagens incríveis. Começando, claro, pela Karou. Tão letal e ainda assim tão frágil. Às vezes mesquinha e superficial, mas sempre profunda e verdadeira. O que me cativou foi essa maneira que a autora escreveu a nossa personagem principal: cheia de características conflitantes e tão profundamente humanas. Ela é inteligente e talentosa, e, mesmo eu não tendo nada de sobrenatural na minha vida, eu me identifico imensamente com ela. Ela só quer se sentir parte de alguma coisa, pertencer, saber quem ela é de verdade. Quem nunca?

“Zuzana olhou para trás e viu a expressão que Karou às vezes fazia quando achava que ninguém estava olhando. Triste e perdida, e o pior de tudo isso era o modo como aquilo parecia ser o padrão — como se estivesse ali o tempo todo, e todas as outras expressões fossem apenas uma série de máscaras que ela usasse para encobrir a verdade.” Página 66

Mas eles não são só profundos e emocionantes. São extremamente equilibrados! Karou tem seu lado frágil, mas é decidida e resiliente. A história tem momentos tristes, mas é contrabalançada com momentos hilários!

“— Onde você conseguiu pegar uma doença tropical? — perguntara Zuzana.
— Hã, não sei direito. No bonde, talvez? Uma velhinha espirrou bem no meu rosto outro dia.
— Não é assim que se pega malária.
— Eu sei. Mas foi nojento. Estou pensando em comprar uma bicicleta elétrica só para não ter mais que pegar o bonde.”
Página 35

E a maior parte destes momentos tem a ver com a Zuzana! Ela é sem dúvida uma das minhas personagens secundárias (ou melhor-amiga-da-personagem-principal) favoritas de todos os tempos. Como diria a Karou, ela é “como uma fada que se encontra em um bosque e que se quer colocar no bolso. Embora, nesse caso, houvesse o risco de a fada ter raiva e começar a morder.” (página 33) Aliás, não deixem de ler a novela, Noite de Bolo e Marionetes (Livro 2.5), que é sobre uma parte do romance entre Zuzana e Mick. <3 Fofa demais, engraçada demais! Todos os outros personagens, Brimstone, Issa, e até o Kaz, trazem algo novo e diferente para a história. Com eles, o mundo fica completo.

O estilo de escrita de Taylor é tão sensível quanto os seus personagens. De maneira delicada e sofisticada, ela revela personagens e enredo da mesma forma que alguém revela arte – lenta e deliberadamente. É comum nos apaixonarmos por livros mas o que não foi comum para mim é ter tido aquele inegável sentimento – da mesma maneira, súbita e suave ao mesmo tempo – não por uma pessoa, mas por uma história e a maneira que ela é contada.

Até a história de amor escrita nas estrelas - o que se mal contada pode ser piegas e clichê - é deliciosa. Essa coisa de destino nem sempre cola pra mim, mas foi feita de uma menira muito original e que, no final, não era nada aleatória. Era impossível não torcer por eles ou suspirar como uma garotinha ao vê-los descobrindo um ao outro. O Akiva é misterioso, forte e sensível na medida. Ele é melhor desenvolvido nos livros seguintes, mas aqui eu já estava bem investida na história deles. Para colocar simplesmente: eu não conseguia largar o livro. Quando eu era obrigada a fazer isso, era fisicamente doloroso parar de ler.

A única coisa que eu não gostei no livro foi a capa. Esta capa brasileira é a mesma que a Americana, e também é a mais disseminada. Já ouvi várias pessoas para quem eu recomendei o livro dizere que não teriam escolhido esse livro sozinhas na livraria, e acho que a capa tem muito a ver com isso. Mas a que eu tenho, que é a capa inglesa, é maravilhosa (essa aí do lado)! Porque isso, né? Um livro tão lindo, mágico e poético, e uma capa tão sem graça!

A tradução, no entanto, não foi a minha favorita. Não foi ruim (nenhum erro grotesco ou nada assim), mas senti falta de um pouco da mágica da língua original. No entanto, eu devo dizer que deve ser difícil traduzir para o português – uma língua que fica tão engessada quando falada formalmente e tão solta quando informal – uma autora que requer falas “bonitas”, mas casuais. Difícil, também, seria me agradar – já que eu sou absolutamente apaixonada pela escrita da Laini Taylor. Então talvez dê um desconto para o meu descontentamento... Até porque sem dúvida o livro ainda vale a pena! Sério, leiam!

No Geral:
Minha classificação: 5 de 5 estrelas
Eu leria este livro novamente? Já reli uma vez em português, e com certeza vou reler outras.
Leria outros livros escritos pela autora? Sem dúvida. Depois de terminar esta série já li Lips Touch: Three Times (sem versão em português), uma coleção de histórias curtas, um pouco mais adultas, e decadentemente deliciosas; e quero ler a série Dreamdark(também sem versão em português), que é para um público acima de 9 anos de idade, e que no momento está incompleta.
Eu recomendo? Acho que fica bem claro que SIM, né? Conheço pessoas bem reticentes quanto à fantasia que amaram, então eu recomendo para qualquer pessoa, de qualquer idade. Mas aviso, ela não é aquelas séries que acabam “bonitinhas”, sabe?  Você também vai gostar dessa série se gostou de: Jogos Vorazes, de Suzanne Collins, por causa da realidade brutal da guerra contada de uma maneira linda e esperançosa; O Circo da Noite, de Erin Morgenstern, pela atmosfera mágica.
Classificação Indicativa: Apesar de ter conteúdos de violência e sexo, eu tranquilamente daria este livro para a minha sobrinha de 12 anos ler. Ele é um livro que lida com estes assuntos com esperança e delicadeza.

MEU PRÓXIMO LIVRO, POR FAVOR!
A sequência, Dias de Saungue e Estrelas, claro! Se você já leu e gostou desta série, eu recomendo: O Circo da Noite, de Erin Morgenstern, se você quer a mesma atmosfera mágica; A trilogia Grisha, de Leigh Bardugo, começando por Sombra e Ossos, se você quer mais mágica e um mundo delicioso; Mistborn, o Império Final, se você quer um livro de fantasia diferente, porém igualmente bem escrito.


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